LEMBRANÇAS DA GRAÇA

Voltei.

Passei uns dias em off, mas numa correria tremenda. Estou trabalhando em um livro que sonho escrever a anos, o título é: lembranças da Graça.

Serão descrições do que a Graça de Deus fez em minha vida e na vida de pessoas que tive contato. Gostaria de compartilhar com vocês o prefácio, que vai passar por acréscimos mais vai ficar mais ou menos assim:

Da minha infância vem as lembranças mais antigas que tenho da Graça de Deus. Cresci em um lar Adventista, e os pregadores da Igreja que eu freqüentava durante a infância tinham uma forte ênfase no fazer e obedecer para ser aceito.

Mesmo sendo criança eu ja sentia um fardo e uma responsabilidade de ser diferente para obter algo de Deus, que até então eu não sabia bem o que era. Por sua vez em casa meu Pai, que apesar de ser um homem extraordinário, carregava em si fortes marcas de uma criação inflexível, exigente e punitiva (talvez essas sejam as melhores palavras para descrever o Deus da minha infância)

            Eu o vi inúmeras vezes ser agressivo, resolver as coisas com a força, punir sem refletir, e como é de costume a imagem que eu tinha de Deus era um reflexo da imagem que eu tinha de meu Pai.

            Certo dia meu Pai chegou em casa com a mais nova tecnologia para entretenimento da época, um vídeo cassete. Com ele meu Pai trouxe várias fitas VHS com uma semana de oração realizada pelo Pastor Bullón no Ibirapuera – SP. Eu não entendia muita coisa do que era pregado, na verdade para mim era um programa longo e enfadonho, mas meu Pai sempre nos fazia assistir.

            No entanto, foi assim que eu tive meu primeiro encontro com a Graça, não através dos sermões mas ao observar que ao final da mensagem, vez após vez, meu Pai derramava grossas lágrimas, algumas vezes eu o vi chegar a soluços. Aquilo não entrava em minha cabeça infantil. Eu pensava: que poder esse homem tem, eu nunca vi meu Pai chorar, eu não sei bem o que esse pregador fala, mas deve ser muito forte para ter esse efeito em meu Pai.

            Assim eu fui informalmente apresentado a Graça de Deus. E com o tempo eu comecei a entender que não era o poder do pregador que emocionava meu Pai, mas o poder do Deus-homem sobre quem ele pregava. Comecei a ver a mudança na vida do meu Pai, comecei a acompanhar as lutas que ele tinha para ficar perto de Jesus e vencer o temperamento forte.

            Nesse processo duas coisas aconteceram, eu deixei de simplesmente ter um Pai a quem temia e passei a ter um amigo que hoje é um dos meus principais companheiros na descoberta diária da Graça, as vezes passamos horas compartilhando as descobertas pessoais da “multiforme Graça de Deus”

            Segundo, eu senti o chamado divino para dedicar minha vida a causa de compartilhar a verdade sobre o poder que me transforma a cada dia. Eu desejei desde então ser um instrumento para levar a outras pessoas a mensagem de um Deus de Graça que na cruz me faz crer na frase: VOCÊ É A COISA MAIS LINDA QUE DEUS TEM NESSA VIDA.

Geração Esperança

Certo dia um homem entrou na sapataria de Willian Carey e observou um grande mapa mundi pendurado na parede, curioso perguntou o que um mapa mundi fazia na parede de uma sapataria. Willian Carey com os olhos brilhantes começou a falar com paixão sobre os países que não conheciam o Senhor Jesus e como ele estava envolvido com o compromisso de falar de Jesus a todos os povos do mundo.

Nesse momento sob o olhar incrédulo do homem Willian Carey o ouviu dizer: mas você é apenas um sapateiro. Decidido Willian Carey respondeu: você está enganado, eu conserto sapatos apenas para pagar as despesas mas meu trabalho é ganhar almas.

Eu alcancei a geração de homens e mulheres que faziam da igreja e da causa de Deus sua prioridade. Pessoas que não faziam do cansaço, correria ou limitações financeiras uma desculpa para servir a Deus. Servos de Deus que não eram simplesmente membros da igreja mas discípulos comprometidos com uma causa.  Essa geração apesar de trabalhar duro durante o dia sem ar condicionado, elevador, carro como transporte, computador, etc. Tinham a cada semana várias casas para visitar dando estudos bíblicos ou fazendo evangelismo.

A minha grande preocupação é que essa geração está passando e com ela o número de pessoas que vivem para a causa de Deus e não apenas por causa própria. Pessoas que enxergam o que receberam de Deus e sentem um forte desejo de transmitir a salvação para outros, ou que priorizem a Igreja acima de seus compromissos pessoais.

Eu conheci um homem que era um forte exemplo dessa geração. Irmão Expedito, um homem que tem dezenas de filhos, netos e bisnetos espirituais. Um homem que estava sempre disposto a pregar todas as vezes que um pregador falhava de ultima hora. Nas diversas vezes que lhe pedi ajuda nunca ouvi um não posso estou ocupado ou tenho algo mais importante. Ele é mais um dessa geração que dormiu no Senhor, mas espero que como disse um historiador Romano “o sangue dos cristãos se tornam sementes ao ser derramado” e que seu exemplo de compromisso com a causa de Deus seja seguido por todos que o conheceram ou que conheceram a salvação através desse homem de Deus, e que no céu estejamos celebrando a vida eterna na presença de Jesus.

VALEU A PENA PARAR

A algumas semanas não posto nada pois estava de férias em um lugar isolado do mundo.
Tirei apenas 20 dias de férias, e a maior parte destes passei no sítio do meu Pai.
Um lugar muito simples mas que traz as melhores lembranças da minha infância.
Foi nesse sítio que recebi o chamado de Deus para servi-lo como Pastor.

O versículo "vinde e repousai um pouco" nunca foi tão significativo em minha vida como nesse início de ano, mas a renovação física e espiritual foram fantásticas, graças a Deus.

Então vai ai algumas fotos do que vivi nesses dias.

Limpando o terreiro

 Apanhando da barraca

Eu e Glenda encontramos esse pássaro, que é uma Jurutí, em um poço se afogando e com a assa machucada. Nós a salvamos e cuidamos dela até ela melhorar

Fogueira a noite

Minhas princesas

Esse foi o ultimo dia no sítio, nesse dia choveu muito e como estava um pouco frio nós vestimos Glenda com bota, casaco e calça comprida. Em certo momento sentimos falta de Glenda em casa e quando a encontramos ela estava embaixo da bica da casa tomando banho de chuva

UM CHAMADO DIFÍCIL

   Tenho a chance de ver grandes atos de bondade feitos por servos muito humildes. Vejo uma fé surpreendente. Eu sei que haverá grandes surpresas no céu quando descobrirmos quem de nós realmente foram os heróis.

A algumas semanas atrás ouvi a história de um desses heróis. No grande flagelo da Etiópia, as pessoas não passam só fome, mas a igreja etíope foi duramente perseguida pelo governo comunista.

   As igrejas foram sitiadas. As portas foram lacradas. Passou a ser ilegal reunir-se para louvar. Ser pego orando era ilegal. Era ilegal abrir ou até possuir as Escrituras. A igreja foi jogada rápida e discretamente na clandestinidade. Pastores e evangelistas foram caçados, surrados em público, jogados nas prisões. 

   

   Nesta época, um missionário americano chamado Wes Stafford esteve diversas vezes com os líderes da igreja etíope, silenciosamente, na calada na noite. Eles precisavam ser encorajados. Precisavam ouvir o que acontecia no mundo. Não era raro. Eles lhe empurravam uma Bíblia, uma Bíblia escondida e perguntavam: "Wes, o que Deus tem dito para você?"

Ele falava com eles por uma hora diretamente das Escrituras, devolvia a Bíblia, e percebia seus olhos cheios de lágrimas. Seus espíritos foram preenchidos, mas eles voltavam depois de uma hora e diziam: "O que mais Deus tem lhe dito?" E conversavam por horas, noite adentro, tão famintos, tão corajosos.

   

   Geralmente, pediam que ele terminasse orando. Ele via os machucados. Via os ossos quebrados. Via as cicatrizes. E se sentia como uma criança no meio de homens, o menos digno na sala, para liderar o grupo em oração. Um dia, ele estava na cidade de Soddo, no sul da Etiópia, e encontrou um notável homem de Deus chamado Tadessa Asay, um pastor que não deixava de pregar o evangelho. Ele enfureceu os comunistas. Foi surrado incontáveis vezes. Mas ele não parava. Sua especialidade era pregar em funerais, que era algo ilegal de se fazer. E os comunistas sabiam onde achá-lo, pois ele era aquele que sempre ia aos funerais, e havia muitos funerais naqueles dias.

   

   Os comunistas por fim se encheram do Tadessa, o pegaram e o jogaram na prisão. Ele pensou: "Se já estou na prisão, pior não fica, então para que parar agora?" Ele pregou o evangelho para os outros detentos, e deixou-os ainda mais bravos e eles disseram: "Não podemos só silenciá-lo, temos de fazê-lo de exemplo para silenciar qualquer um que ouse seguir esse Jesus".

Então, decidiram que iriam executá-lo. Eles iriam eletrocutá-lo na praça central de Soddo. Como não possuíam uma cadeira elétrica para fazer a eletrocussão, então, criaram algo. Montaram uma gambiarra com resistências montadas numa árvore, com uns fios desencapados descendo. Tadessa tinha que pôr as mãos nos fios, passá-los em volta e se segurar.

E esse pastor se ajoelhou na praça enquanto faziam discursos para ridicularizá- lo e avançar o comunismo. Deram ao pobre pastor um momento para se entregar a Deus, caso quisesse, e então apertaram o botão.

E pssss...

   Todos os fusíveis da cidade estouraram. As luzes se apagaram. Fumaça e faísca para todo o lado, mas lá estava ele vivo. Então, eles o pegaram e o levaram para a sua cela. E trouxeram eletricistas para fazerem funcionar. Tentariam de novo na manhã seguinte. Aquela noite toda, Tadessa pregou na prisão. O que mais poderiam fazer? Agora ele sabia qual era o seu destino. Era morrer e fim de papo. Ele pregou e foi levado na manhã seguinte. Haviam consertado tudo. E fizeram a mesma rotina. Os discursos, o ajoelhamento forçado, o momento para se entregar a Deus, se quisesse. Ligaram o botão e pssss...

   Todas as luzes pifaram novamente. Tiraram os fios dele, ainda no meio da fumaça, e disseram: "Suma daqui! Não sabemos o que fazer com pessoas como você".

O missionário encontrou Tadessa algumas horas depois. Ele subia um morro, lenta e dolorosamente. Quando o missionário o viu disse: "Pastor Tadessa, represento dezenas de milhares de cristãos americanos que sabem do seu sofrimento na Etiópia e estamos orando por você".

E ele disse: "Obrigado, Wes, e quando voltar, diga que nós também estamos orando por eles". E eu disse: "Sim, farei isso".

   Então o missionário pensou: "Peraí! O que uma pessoa faz quando escapa da morte?" Então perguntou: "Para onde está indo?" Ele respondeu: "Não vai querer saber". "Quero sim. Para onde está indo?" E ele disse: "Estou indo para pregar num funeral". 

Correu até ele e disse: "Antes que vá, você disse que ora por nós. Quando você ora por nós no Ocidente, por quais coisas você ora?"

   O pastor Tadessa disse: "Ó, irmão. Você viu o nosso sofrimento. Ele é grave e terrível. Mas não é nada perto do seu sofrimento, aqui na Etiópia, com esse tipo de pressão, nós oramos o tempo todo porque precisamos de Deus nas nossas vidas se quisermos chegar até o fim deste dia. Mas me disseram que as coisas vão bem na América. Que vocês têm tudo em ordem. Que é possível para um seguidor de Cristo passar o dia inteiro sem orar. E alguns passam até a semana inteira. Isso é possível, Wes?" E ele respondeu: "Sim, Tadessa, isso é possível".

   Ele continuou: "Arriscamos nossas vidas para nos reunirmos em comunhão. Precisamos uns dos outros no corpo de Cristo. Nós nos reunimos apenas nas fendas das montanhas, só na calada da noite e só quando a lua não aparece e a escuridão é total. Vale o risco porque precisamos uns dos outros".

"Mas me disseram que existem igrejas em quase todas as esquinas nos Estados Unidos. Você pode ir e é livre para adorar. Ninguém vem e arrasta você. Ninguém lhe dá uma surra. Mas me disseram que, num dia bonito, muitos cristãos preferem fazer o que vocês chamam de piquenique do que ir à igreja". E o missionário disse: "Sim, está certo, irmão. Isso também acontece". 

   "Tínhamos uma cópia das Escrituras na igreja. Alguém a achou e eu tive de rasgá-la, Eu tive que fazê-lo. Eu distribui as páginas e a minha congregação decorou o texto. Não podíamos ser pegos com ela. Então, em vales profundos, no meio da noite, quando estou pregando, eu digo: 'Preciso de Isaías 58. Quem tem Isaías 58?' E do meio da escuridão Isaías 58 se levanta e eu ouço a palavra direto do coração de alguém da congregação. Mas me disseram que, na América, até não cristãos têm Bíblias. Vocês têm quantas quiserem. Os cristãos têm sete ou oito delas. E é possível que alguns, mesmo as tendo em mãos, passem um dia inteiro sem ler essas Escrituras? E alguns vão de domingo a domingo sem abri-las. Isso é possível?"

   E finalmente, o missionário disse: "Ok, chega! Você está certo. Tem razão. Eu direi para eles. E orem por nós". 

   Bom, alguns anos depois, o regime comunista caiu, e depois de 17 anos, os prédios foram devolvidos às igrejas. E apesar de todas as mortes que ocorreram, no primeiro domingo em que se reuniram, surpreendentemente, não havia espaço para todos. Durante a opressão, a igreja se multiplicou por cinco. Não havia como entrar. Foi um domingo de retorno muito confuso.

Somente Deus faz isso. No domingo seguinte, mal tiveram tempo de colocar alto-falantes nos cantos da igreja porque muito mais pessoas se sentavam do lado de fora do que cabiam lá dentro. Se alguém quisesse sentar-se no lado de dentro, tinha de chegar duas ou três horas antes. E o louvor espontâneo que eles compartilhavam devido ao que tinham passado contagiava a todos.

E a Etiópia, por causa da opressão espalhada pelo Oriente Médio, agora tem igrejas plantadas por todo o Oriente Médio. Eles são o canal para o Oriente Médio.

   Apocalipse 7 diz: "Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro com vestes brancas e segurando palmas". "Quem são estes que estão vestidos de branco, e de onde vieram?" "Estes são os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro".

   Que Deus permita que sejamos dignos de estar ao lado deles.

Um Médico nas madrugadas

É possível que em algum momento você teve que procurar um pronto socorro de madrugada. É possível também que o atendimento não tenha sido o desejado. Isso já aconteceu comigo (na verdade mais de uma vez).

Mas eu não culpo somente os profissionais que me atenderam mal. Tem todo um contexto, era de madrugada o Médico estava dormindo e a recepcionista foi acordá-lo pois eu era o paciente que resolveu ficar doente exatamente no plantão dele (até eu ficaria chateado comigo), tem também a carga de trabalho que esses profissionais encaram, e uma série de outros fatores.

A questão é que hoje eu precisei de um Médico de madrugada.

No entanto meu problema não era físico mas espiritual.

 As 2:30 da madrugada eu perdi completamente o sono. Estava me sentindo pressionado com a quantidade de coisas que não dou conta, sobrecarregado com o peso de decisões tomadas, com o pensamento acelerado sobre coisas que ainda virão, entre outras coisas.

Por isso resolvi timidamente procurar o Médico das madrugadas, levei comigo o livro História da Redenção e a Bíblia. Comecei a ler e orar e percebi que Ele tinha algo pra mim naqueles momentos.

Senti o bisturi de sua graça mostrando coisas não confessadas que estavam envenenando o meu coração. Senti o colírio de Sua verdade me fazendo chorar por coisas boas que eu estava fazendo sem a Sua presença e companhia (essa foi a primeira vez em minha vida que eu confessei coisas boas que fiz, mas as fiz sem Deus).

Para mim pareceu que o Médico chegou a uma conclusão: o meu estado de saúde espiritual estava daquele jeito pelo tempo que eu estava sem consultas profundas com Ele e o espaço entre estas consultas. Ou seja, eu estava ignorando a frase consulte o seu Médico regularmente.

Senti então um profundo sentimento de que sou aceito e amado, eu não imaginava que era esse o remédio que eu precisava. Eu preferia que Ele me receitasse respostas e soluções de problemas na veia (até sugeri que Ele me receitasse isso, mas Ele não o fez).

Saí sem respostas mas com uma paz que era a resposta.

Li o seguinte no livro História da redenção pág. 203.

“Satanás ainda esperava que o grande plano da salvação fracassasse. Exerceu todo o seu poder para endurecer o coração do povo e tornar hostis os seus sentimentos contra Jesus. Esperava que tão poucos O recebessem como filho de Deus, que Ele consideraria Seus sofrimentos e sacrifícios demasiado grandes para serem feitos em prol de um número tão pequeno. Mas, se tivesse havido apenas duas pessoas que aceitassem a Jesus como o filho de Deus, e nEle cressem para a salvação de suas almas, Ele teria levado a efeito o plano”.

Percebi que sou amado e que se apenas um Fariseu e uma Prostituta desejassem a salvação Ele morreria por eles. Se apenas um Pastor e um traficante desejassem a salvação Ele morreria por nós, pois eu queria ser aquele Pastor que desejaria a salvação, mesmo sendo um legalista fariseu disfarçado de homem de Deus. Eu desejava a salvação naquele momento.

Na Bíblia li o que está escrito em João 17  ...e agora, Pai, glorifique-me junto ao Senhor, com a glória que tínhamos juntos, antes do princípio do mundo...Não estou pedindo que os tire do mundo, mas que o Senhor os proteja do maligno...Que o Senhor faça todos puros e santos...Não estou orando somente por estes, mas também por aqueles que crerão. (versos 5, 15, 17 e 20 na Bíblia Viva).

 Percebi que o verso 20 não tinha como objetivo informar a Deus de que aquela oração não era apenas para proteção dos 11 discípulos mas de todos os discípulos de todas as épocas (Deus já sabia desse desejo de Jesus). O objetivo era me informar que Ele pensou em mim a 2.000 anos e desde a eternidade.

O que representam então os meus problemas, que eu sei serem passageiros?

Comparados a eternidade de amor recebido de Deus antes e depois de meu nascimento, meus problemas se tornaram insignificantes.

Por isso eu lhe digo, a melhor pessoa para você pedir indicação sobre um Médico, é alguém que sofra da mesma doença que você mas de maneira crônica. Por isso eu sou uma boa pessoa para lhe recomendar o Médico das madrugadas.

Hoje Ele me curou.    

UMA CAUSA TRIUNFANTE

         

          Hoje gostaria de relatar uma experiência do início do meu ministério que me fez refletir muito na vida cristã. Já passava da meia-noite e eu estava pensando, fazendo uma análise do meu trabalho no ministério, e me assustei, pois meus pensamentos se detinham apenas em minhas falhas, erros e inexperiência.

            Eu estava em um distrito de Missão Global com 15 Igrejas e grupos, igrejas novas, liderança escassa e inexperiente. E por alguns momentos me deixei envolver com os pontos negativos do trabalho, como por exemplo: dar um treinamento e ao voltar na igreja com alguns dias não ver os resultados desejados ou não encontrar líderes dispostos a se envolverem e serem capacitados. E o peso destes pensamentos me abateu e me trouxe desânimo, e junto com o desânimo vieram os seguintes pensamentos: Será que sou capaz? Será que consigo? Será que estou fazendo alguma diferença? Como vencer as dificuldades se pareço estar sozinho como líder em um distrito tão desafiador?

            E quando os pensamentos me atormentavam, senti o Espírito Santo me convidando a meditar na vida do Profeta Elias ao se sentir sozinho e perseguido por Jezabel. Senti a presença de Deus procurando salvar-me de mim mesmo, salvar-me dos meus próprios pensamentos. Nessa noite aprendi três lições que espero levar comigo até o fim do meu ministério.

1^O DEUS NÃO COLOCA O FARDO DO MINISTÉRIO SOBRE OS OMBROS HUMANOS

            Quando absorvi esta verdade aparentemente tão clara foi um alívio imediato para os meus temores. Senti Deus me pedindo para tirar os olhos de mim: Se sou capaz, se faço diferença, se estou sendo útil. Aprendi que: “Aqueles a quem Deus emprega como seus mensageiros não devem sentir  que  a obra do Senhor depende deles. Seres finitos não são deixados a levar este fardo de responsabilidade. Aquele que não dormita esta atento a sua obra... e promoverá seu trabalho.” Relembrei a lição de que não sou o Diretor Administrativo de uma empresa em falência mas um servo chamado e escolhido para usar o que tenho nas mãos em prol de uma igreja triunfante.

2^o ENALTEÇA AS VITÓRIAS DE DEUS

            Quando Elias se detinha nas derrotas: “...os filhos de Israel deixaram a Tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os Teus profetas a espada; e eu fiquei só...(I Re. 19:14).” Deus o levou a divisar as vitórias: “Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou (I Re. 19:18).” 

            Naquela noite fatídica o inimigo colocava diante de mim as imagens negativas de cobranças de críticas de falhas e desafios. Mas o Senhor me fez ver  as vitórias. Vi naquele momento a cidade de Tabira, em meu distrito, que no começo do ano só possuía dois Adventistas e ao final do ano estava com uma Igreja com clara visão de missão e união. Pude ver um jovem, de um de meus grupos, que motivado por um treinamento de trabalho Missionário, saiu para iniciar uma classe bíblica em um Sítio e todo final de semana ele pedalava dez quilômetros de sua casa até o sítio para realizar a classe bíblica. Pude ver jovens que após uma festa da amizade estavam decididos a ter uma comunhão verdadeira e intima com cristo. E esses quadros das vitórias de Deus, subjugaram todas as falhas e senti mais uma vez o maravilhoso amor de um Deus que divide suas vitórias com seus servos.

3^o NÃO DESISTA DAS PESSOAS

            Enquanto eu mudava minha tristeza para alegria, li os versos 15 e 16 do capítulo 19 de I Reis: “Volta ao teu caminho... e unge a Hazael...unge a Jeu... unge a Eliseu.” Deus mostrava seu método de enfrentar uma crise: acreditar e investir nas pessoas.

            Pude sentir Deus dizendo a mim: se você motivar a igreja com um treinamento, colocar material nas mãos deles, deixar um coordenador pelo projeto e mesmo assim as coisas não fluírem bem como você esperava, não desacredite das pessoas. Treine, motive e inspire novamente, e com bons projetos alguns irão responder e contagiar outros. E se em algum momento nessa nova tentativa você cansar, corra aos Meus braços e Eu vou te dar uma nova força para uma nova tentativa.

             Pude notar que esse é o método didático de Deus para ensinar grandes verdades ao homem, de Gênesis a Apocalipse Ele diz: Eu quero te dar uma vida feliz, e o homem vira as costas para Deus, Ele diz eu tenho um plano para te salvar, e o homem negligencia, e Ele torna a dizer: Eu vou demonstrar o Meu amor por você enviando Meu único filho para dar a vida por você  e quero que você venha morar para sempre comigo, e Deus  repete e repete e insta até que alguns ouçam e respondam. Se eu sou assim quanto a salvação por que as minhas queridas ovelhas não seriam assim quanto ao serviço?

            Naquela noite fui dormir com um novo horizonte em mente, com meu coração repleto de esperança e possibilidades para o meu distrito, e eu não me sentia mais sozinho como líder. Naquele noite tudo parecia estar no lugar certo: Jesus estava no lugar certo em meu ministério, eu, com minhas capacidades e incapacidades, tomava o lugar certo no ministério, meus membros com suas funções estavam no lugar certo, e estava no lugar  devido principalmente minha dependência diária desse Deus poderoso que conhece as dificuldades e desafios de cada vida, que me conhece profundamente e mesmo assim me aceita para trabalhar em uma causa que não conhece derrotas.

Referência: Ellen G. White, Profetas e Reis. Página 176.

ENTÃO VÁ AGORA!

A algumas semanas atrás eu estava fazendo uma longa viagem de carro, sozinho. Constantemente eu tenho que fazer longas viagens sozinho, pois atendo como pastor os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte e por ter uma filhinha de 2 anos e meio, minha esposa nem sempre pode me acompanhar.

Mas eu aproveito essas viagens para colocar o papo em dias com Deus, eu falo muitas coisas pra Ele, e algumas vezes sinto Ele falando claramente comigo.

Uma dessas vezes que eu O ouvi falar com clareza, eu estava conversando sobre a minha filha, pedindo proteção, dizendo como eu a amava e como minha vida havia sido abençoada com o seu nascimento.

Em um momento eu senti a voz de Deus me perguntando o que eu faria se ela viesse a morrer.  

Senti um calafrio só em pensar nessa possibilidade (real e possível) e respondi, em pensamentos, que em uma situação dessas duas reações são mais comuns.

Eu disse a Deus: de duas uma.

Ou eu ficaria revoltado, questionando Tua soberania, amor e cuidado.

Ou eu iria usar essa dor como motivo para me consagrar completamente a Deus e pregar como nunca, a ponto de abalar as estruturas do inferno para salvar o máximo de pessoas possível das garras daquele que havia destruído a vida da minha filha.

Nesse momento emocionado eu disse: Senhor hoje eu escolho a segunda opção, de me consagrar inteiramente a Ti e fazer mais do que nunca fiz.

Na realidade eu achava que a conversa estava no fim e que Deus havia recebido a resposta que queria.

Mas logo em seguida eu senti aquela voz suave me dizendo: Porque você não faz tudo isso com sua filha viva? Porque a morte de tua filha teria que ser a motivação para uma completa transformação em tua maneira de me servir e de se consagrar a mim.

Naquele momento eu senti o convite do Senhor me dizendo: ENTÃO VÁ AGORA!